TROPA DE ELITE?
“Quantas crianças precisamos perder para o tráfico, para que um playboy enrole um baseado?” – Capitão Nascimento – Tropa de Elite / 2007
Esta expressão usada pelo personagem Capitão Nascimento em sua narrativa no filme Tropa de Elite nos causa, à primeira vista, uma indignação muito grande, trazendo revolta até com nós mesmos. Contudo os problemas sociais apresentados como síntese de uma realidade bem brasileira, não se iniciaram nesta geração, mas numa bem anterior a esta. A pergunta que nós brasileiros deveríamos fazer é: “Quem sou eu?”
Como um dia me explicou meu grande amigo Cláudio Oliver, devemos entender nossas origens da seguinte forma: Nascemos de pais portugueses que vieram para o Brasil apenas em busca de riquezas ou fugindo de algum problema em Portugal, e de mães índias que se relacionavam não apenas com homens de seu próprio povo, mas também com os visitantes longínquos de Portugal. Fomos considerados bastardos por nossos pais porque fomos gerados em ato de traição e abandonados pelas mães porque não éramos filhos de seu povo indígena, mas de uma raça estranha que acabara de chegar ao Brasil. Em meio a este fato histórico não perdemos a oportunidade de fazer uma piadinha idiota de nossos pais portugueses e de queimar nossas mães e irmãos índios. Quem somos nós, brasileiros?
A cultura do individualismo impulsiona nossos filhos a buscar através de drogas o prazer solitário, egoísta e momentâneo, movimentando e sustentando o trafico, agregando mais e mais pessoas ao “sistema” traduzido no filme como a máquina que conduz e gera corrupção e consequentemente destruição, não de apenas uma comunidade, mas de uma nação.
Mas de quem é a culpa de tudo isso? Se existem culpados, definitivamente não são apenas os policiais corruptos com sua ganância por dinheiro, também não são aqueles policiais corretos cheios de sede de vingança, ódio e sangue. Não são apenas os traficantes com suas armas, sua violência e sua intolerância, aproveitadores que violentam moral e socialmente crianças indefesas, que crescem com o objetivo único de ajudar suas famílias
Não somente os garotos ricos da Zona Sul que, por muitas vezes, a falta de atenção, ou a ausência de seus pais faz com que busquem outras referências de vida e acabam encontrando o tráfico de drogas como subsídio para sua fuga.
Também não é culpa de seus pais, que por trabalharem tanto para manter o “padrão” exigido pelo sistema, se esquecem que o que seus filhos mais precisam é do seu amor, dedicação e carinho, e não de riqueza, conforto, vídeo-game e balada.
Não é culpa apenas dos políticos que pisam e cospem na ética através de suas ações corruptivas, se escondendo atrás de suas carapuças engravatadas, na maioria das vezes influenciados e direcionados por partidos políticos tendenciosos.
Tampouco é culpa, apenas, do Sistema, que engloba toda a peculiaridade de uma nação auto destrutiva, criado por seres humanos (?), inseridos nesse contexto maldito de miséria moral.
Claramente, podemos enxergar que na possível divisão de “culpa”, os verdadeiros protagonistas são pessoas comuns.
A dona de casa que assiste novelas diárias, que por sua vez ditam os moldes do consumo desnecessário.
O Executivo que omite o recolhimento dos direitos trabalhistas de seus empregados. O trabalhador que rouba energia da companhia elétrica. O estudante que busca seus trabalhos na Internet, sem o menor esforço intelectual. Os pais que preferem seus filhos se entretendo com jogos eletrônicos (para não serem incomodados) a brincar no chão de casa com eles. O professor universitário que passa filmes pirateados em sala de aula, completamente descontextualizados ao invés de preparar um estudo aprofundado de sua matéria. É culpa do eleitor que vende, omiti e/ou desperdiça de alguma forma seu voto.
Enfim, a culpa é minha e a culpa é sua, quando assistimos um dos piores retratos da realidade cotidiana de nossa nação e ao chegar seu fim nosso único comentário é: “Um ótimo filme”, completamente conformados com toda a imposição de nossa atual condição.
Grande abraço, e viva sua inconformidade...
Leandro Andrade
Esta expressão usada pelo personagem Capitão Nascimento em sua narrativa no filme Tropa de Elite nos causa, à primeira vista, uma indignação muito grande, trazendo revolta até com nós mesmos. Contudo os problemas sociais apresentados como síntese de uma realidade bem brasileira, não se iniciaram nesta geração, mas numa bem anterior a esta. A pergunta que nós brasileiros deveríamos fazer é: “Quem sou eu?”
Como um dia me explicou meu grande amigo Cláudio Oliver, devemos entender nossas origens da seguinte forma: Nascemos de pais portugueses que vieram para o Brasil apenas em busca de riquezas ou fugindo de algum problema em Portugal, e de mães índias que se relacionavam não apenas com homens de seu próprio povo, mas também com os visitantes longínquos de Portugal. Fomos considerados bastardos por nossos pais porque fomos gerados em ato de traição e abandonados pelas mães porque não éramos filhos de seu povo indígena, mas de uma raça estranha que acabara de chegar ao Brasil. Em meio a este fato histórico não perdemos a oportunidade de fazer uma piadinha idiota de nossos pais portugueses e de queimar nossas mães e irmãos índios. Quem somos nós, brasileiros?
A cultura do individualismo impulsiona nossos filhos a buscar através de drogas o prazer solitário, egoísta e momentâneo, movimentando e sustentando o trafico, agregando mais e mais pessoas ao “sistema” traduzido no filme como a máquina que conduz e gera corrupção e consequentemente destruição, não de apenas uma comunidade, mas de uma nação.
Mas de quem é a culpa de tudo isso? Se existem culpados, definitivamente não são apenas os policiais corruptos com sua ganância por dinheiro, também não são aqueles policiais corretos cheios de sede de vingança, ódio e sangue. Não são apenas os traficantes com suas armas, sua violência e sua intolerância, aproveitadores que violentam moral e socialmente crianças indefesas, que crescem com o objetivo único de ajudar suas famílias
Não somente os garotos ricos da Zona Sul que, por muitas vezes, a falta de atenção, ou a ausência de seus pais faz com que busquem outras referências de vida e acabam encontrando o tráfico de drogas como subsídio para sua fuga.
Também não é culpa de seus pais, que por trabalharem tanto para manter o “padrão” exigido pelo sistema, se esquecem que o que seus filhos mais precisam é do seu amor, dedicação e carinho, e não de riqueza, conforto, vídeo-game e balada.
Não é culpa apenas dos políticos que pisam e cospem na ética através de suas ações corruptivas, se escondendo atrás de suas carapuças engravatadas, na maioria das vezes influenciados e direcionados por partidos políticos tendenciosos.
Tampouco é culpa, apenas, do Sistema, que engloba toda a peculiaridade de uma nação auto destrutiva, criado por seres humanos (?), inseridos nesse contexto maldito de miséria moral.
Claramente, podemos enxergar que na possível divisão de “culpa”, os verdadeiros protagonistas são pessoas comuns.
A dona de casa que assiste novelas diárias, que por sua vez ditam os moldes do consumo desnecessário.
O Executivo que omite o recolhimento dos direitos trabalhistas de seus empregados. O trabalhador que rouba energia da companhia elétrica. O estudante que busca seus trabalhos na Internet, sem o menor esforço intelectual. Os pais que preferem seus filhos se entretendo com jogos eletrônicos (para não serem incomodados) a brincar no chão de casa com eles. O professor universitário que passa filmes pirateados em sala de aula, completamente descontextualizados ao invés de preparar um estudo aprofundado de sua matéria. É culpa do eleitor que vende, omiti e/ou desperdiça de alguma forma seu voto.
Enfim, a culpa é minha e a culpa é sua, quando assistimos um dos piores retratos da realidade cotidiana de nossa nação e ao chegar seu fim nosso único comentário é: “Um ótimo filme”, completamente conformados com toda a imposição de nossa atual condição.
Grande abraço, e viva sua inconformidade...
Leandro Andrade
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